OBRAS RARAS A PARTIR DO SÉCULO XVI
  Marcelo Fagerlande

A Biblioteca Alberto Nepomuceno possui um rico acervo de obras raras, que inclui tratados teórico-musicais do século XVI ao século XIX. Estes exemplares despertam especial interesse por sua qualidade, raridade e bom estado de conservação, constituindo uma coleção ímpar no contexto brasileiro. Ainda que sua origem não possa ser traçada com precisão, a coleção é formada por um conjunto de obras que representa o que há de mais importante para a Teoria e História da Música, desde o século XVI, com Zarlino, passando por Descartes (séc. XVII), Rameau e Padre Martini (século XVIII) chegando a Fétis (século XIX).

As obras mais antigas são do século XVI, como os três títulos de Gioseffo Zarlino, Le Istitutioni Harmoniche (1562), Dimostrationi Harmoniche (1571) e Sopplimenti Musicali (1588). Do século XVII encontramos exemplares da autoria de Artusi, Bononcini, Bontempi e o Compendium Musicae de Descartes. A coleção de tratados publicados no século XVIII é ainda maior que a dos séculos anteriores, com obras de Jean Jacques Rousseau, D’Alembert e ainda a obra fundamental de Rameau, o Traité de L’Harmonie, de 1722. Há também, do mesmo século, uma das mais importantes referências sobre baixo contínuo: L’ Armonico Pratico al Cimbalo, de Francesco Gasparini. As obras do século XIX são as mais numerosas, com destaque para a Biographie universelle des musiciens de F.- J. Fétis, referência lexicográfica do período. Dos autores brasileiros encontramos exemplares de títulos conhecidos, como o Dicionario Musical de Raphael Coelho Machado (1843) e o Compendio de Principios Elementares de Musica de Francisco Manoel da Silva.

Estes são apenas alguns destaques do numeroso e importante acervo, hoje preservado na Escola de Música, possivelmente fruto de uma união de esforços: herança do Conservatório Imperial, doações particulares e aquisições de antigos diretores.