PERIÓDICOS
  A Revista Brasileira de Música é o mais antigo periódico de musicologia do Brasil. Criada em 1934, pelo então diretor do Instituto Nacional de Música, o professor Guilherme Fontainha, sua criação foi conseqüência direta da reforma implementada por Luciano Gallet em 1931, por ocasião da incorporação do INM à estrutura da recém criada Universidade do Rio de Janeiro, mais tarde chamada de Universidade do Brasil, atual UFRJ. Segundo o próprio Fontainha, na apresentação da revista, “faltava ao INM um orgão de publicação onde o aluno pudesse acompanhar todos os passos do progresso musical”.

Em março de 1934 foi lançado o primeiro número, elaborado por uma comissão editorial da qual faziam parte o próprio Fontainha, os professores Lorenzo Fernandez e Luiz Moretzsohn e, como redator, Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, então bibliotecário do INM, futuro professor da cadeira de folclore e figura mestra da musicologia brasileira do século XX. Os artigos do primeiro número trazem as assinaturas de importantes figuras da vida musical brasileira, como Antônio Sá Pereira, Ayres de Andrade, Francisco Mignone e, principalmente, Mário de Andrade, que se tornou colaborador assíduo da RBM. Mário de Andrade foi, inclusive, merecedor de uma homenagem no ano de seu cinqüentenário, em uma separata de volume IX, de 1944.

Os primeiros números foram financiados pelo próprio Instituto, passando, mais tarde, a serem custeados pelo Governo, com verba própria prevista no orçamento da República. A RBM foi publicada ininterruptamente até 1944, tendo sido lançados vinte e cinco números, em dez volumes, e mais um especial inteiramente dedicado à vida e obra de Carlos Gomes (1836-1896), por ocasião do centenário de nascimento do compositor, em 1936. Por sua importância a revista fez por merecer indexação e comentários do musicólogo Gilbert Chase no “A Guide to Latin American Music”, da Biblioteca do Congresso, em 1945.

Com a diretora Joanídia Sodré, que dirigiu a Escola de Música por quase duas décadas, a partir de 1946, a RBM deixou de ser publicada. Sua publicação foi retonada em 1981, após 37 anos, durante a gestão da professora Andrely Quintela de Paola, com periodicidade anual. Para a apresentação do volume XI foi convidado o antigo redator, o professor Luiz Heitor Corrêa de Azevedo. Em seu texto, Luiz Heitor manifestou sua satisfação com o ressurgimento da publicação, afirmando que a RBM, “pela sua vocação e pela autoridade do estabelecimento universitário sob a égide do qual ela veio circular, está destinada a ser o órgão representativo do saber das novas gerações de musicos e musicólogos”. Já no século XXI, a RMB inaugura uma nova fase, apresentando agora sua versão digital.